Tio Style - Discurso

Hoje entendi, amor, nada disso foi frutífero
Percebi, a morte no meu sonífero
Pessoas, com mais veneno do que víboras
São iguais flor, daquelas que são carnívoras

Ainda bem que percebeu
Que o melhor pra sua vida não tinha como ser eu
Pois quando me conheceu
Mágoa no peito ainda ardia
Coração bom, mente doentia

Meu escape eles julgavam, pois sabiam dos hormônios
Sem nada luxuoso, só a fé como patrimônio
Fracasso pros meus pais crendo que disso viveria
Nunca entenderam que por isso eu morreria

O fardo pesa, mundo sombrio, dolorido
Onde havia intimidade, hoje mais desconhecidos
Cruel com o corpo, só o amor pra recordar
As merdas que ainda faço é difícil de concordar

Imagino o que eles diriam dessa loucura
Conviver com alguém que sempre se autoperfura
Tortura? Não! Meu último recurso
O tempo passou voando, não mudei esse discurso

E eu que nunca procurei
Hoje sou um mar de referências
Ouvi pedidos de volta
Quando notaram ausência

Tanta coisa pra dizer, e eu disse
Não aguentei, é como se eu não existisse
Falei que podia ir embora e desse duas voltas na chave
É melhor parar por aqui, antes que tudo se agrave

O lance bateu na trave
Culpa do meu passado
Eu continuei em frente
As feridas não tinham curado

Talvez eu queria suprir, nisso, alguma lacuna
E vi que o peso da vida era muito na minha coluna
Apaixonei na solidão, lá eu não fazia mal
E mesmo que isso seja bom, não me sinto mais igual

Em altas doses de hormônio, pandemônio em mim se instala
Varando noites sem sono, fiz o ego de bengala
Ouvi tanto em silêncio, "quem cala consente"
Nem sempre, só cansei de bater de frente, porra!